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quarta-feira, 27 de maio de 2009

WEB NOVELA



3º capítulo


8 DE MAIO
Terça-feira
* Feliz aniversário — caso você tenha se esquecido. Sua velhota.
* Ligar para o escritório de Petersham para responder perguntas/tranquilizar ataques de nervos.
* Preparar-se para a reunião na Merris.
* GRITAR com Hector.
* Reunião com Chris e Susan, às 14 horas — Detalhes sobre Petersham e Merris.
* Engravidar?
O quê???! Ela releu a última frase. Meu Deus, por que escreveu isto? Era uma coisa que andava na sua cabeça, mas não significava que deveria estar na agenda. Apertou o botão delete. A frase desapareceu da tela, mas não da sua cabeça. Sabia que queria um bebê: queria muito, muito mesmo. Algo que tinha começado há alguns meses como um vago interesse e se transformara em um desejo absoluto. Era estranho.
Por que ela queria tanto um bebê? Tentou analisar seus motivos inúmeras vezes: talvez porque seus pais tivessem estragado tanto as coisas e ela quisesse se sair melhor que eles, talvez porque se preocupasse tanto com o seu futuro e o de Don se não tivessem filhos. Ele era 13 anos mais velho e ela não conseguia imaginar-se envelhecendo sozinha, somente com a companhia de gatos doentes, com incontinência urinaria, em vez de filhos e netos.
Bella também temia que levasse muito tempo para conseguir ter um bebê. Sua mãe tinha dado à luz aos 29 anos, e depois passou oito anos sofrendo aborto atrás de aborto antes de finalmente desistir de ter um segundo filho. Ela se lembrava do berço e das caixas de roupas de bebê, todas cuidadosamente etiquetadas no sótão, e como quando pequena costumava encontrar sua mãe ali, chorando furiosamente.
Mas agora o maior problema de Bella era que, quando se casara com Don, há sete meses, ele não queria filhos — disse que era muito velho, muito independente, muito cheio de manias —, e ela concordou com a regra "sem filhos". Mas agora sabia que não tinha a intenção de concordar com a regra, que não tinha pensado profundamente a respeito.
Começou a tomar forma em sua mente que, se uma gravidez acontecesse, deveria ser "acidental". E claro que Don ficaria chocado, mas tinha certeza de que ele iria se adaptar à idéia. Seja como for, a experiência de sua mãe deixara Bella com a crença de que a concepção estava a milhões de quilômetros do parto. Então, seria assim tão ruim ficar grávida e ver o que aconteceria?
Uma batida na porta e os pensamentos de Bella foram interrompidos por Kitty.
Bella serviu café para as duas e, como de costume, debochou da roupa de Kitty durante a reunião que tratava da agenda do dia,
Kitty, baixinha, com cabelos ruivos espetados e curvas generosas, vestia calças estilo hippie prateadas, uma camiseta roxa minúscula e um colete acolchoado prata. Tênis com sola grossa e luzes piscantes completavam o visual.
— Quando a nave-mãe vai aterrissar? — Bella perguntou, com as sobrancelhas erguidas.
Kitty olhou para ela, imperturbável.
— Você não fala a língua dos terráqueos? — Bella acrescentou.
— Cale a boca, Bella. — Um sorriso atravessou o rosto de Kitty. — Só porque você gosta de se vestir como uma aeromoça, sua antiquada do século XX. — Ela ignorou as exageradas exclamações de horror de Bella e acrescentou: — Prata é a cor do momento.
— Mas você está vestida para ser bem-sucedida, Kitty? Acho que não — respondeu Bella.
— Você é tão clone corporativo! Vestir-se como uma executiva não implica ter poder. — Kitty devolveu. — Para onde você vai Bella? Direto para a barreira de discriminação sexual.
— Oh meu Deus — Bella gemeu. — É muito cedo para um discurso feminista radica, faça-me o favor. — Abriu o pacote de cigarros, acendeu um de um maço, fechando os olhos com o prazer obtido com a primeira tragada do dia.
[...]

Um comentário:

  1. AUGUSTO CESAR VALLE28 de maio de 2009 às 13:11

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