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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Uma Cama para Três

capítulo 1
Eram 6h29 da manhã. O alarme do relógio digital no criado-mudo estava prestes a soar. Assim que o alarme chatinho começou a tinir, o telefone, ao lado, também deu sinal de vida. Bella inclinou-se para desligar o relógio e atender o telefone.
— Alô?
Ela ouviu um "Alô!" distante do outro lado da linha cheia de estalidos, seguido por uma canção.
— Parabéns pra você, parabéns pra você...
— Don! — ela gritou e ouviu o eco do que disse.
— Alô, Bella, acorde, eu te amo e quero fazer sexo por telefone agora mesmo.
— Também te amo — ela respondeu as gargalhadas.
— O quê? A ligação está horrível.
— Também amo você! — ela gritou. — Quando você vai voltar para casa?
— Hã... bem, estou telefonando do aeroporto de Grozny. Estarei em casa quando você voltar do trabalho.
— Mesmo?! Não posso acreditar! Isto é absolutamente maravilhoso! — Meu trabalho aqui está terminado — disse imitando uma voz de super-herói. — Falando sério, tem sido um pesadelo, agora começa a ficar perigoso e é por isso que estão me tirando daqui. Além disso, disse a eles que era seu aniversário e que eu deveria ir para casa ou sofreria um destino pior do que encontrar um atirador rebelde.
— Você está bem? — ela perguntou.
— Estou multo cansado, foram três semanas infernais. Oh, droga, querida, tenho que ir agora, vejo você de noite. E estou ansioso por isso.
— Eu também. Cuide-se,
— Já estou com saudades — brincou, e a linha caiu.
Um sorriso de orelha a orelha surgiu no rosto dela. Ela iria sorrir assim o dia todo, pensou, enquanto saía da cama e começava a Operação Bella. A diferença entre Bella e as outras mulheres cujo visual oscila entre médio e bom era que ela dava mais duro. Na verdade, "dar duro" era uma descrição constante nos relatórios escolares desde que era pequena.
Bem no início da sua carreira Bella passou um longo verão trabalhando em Nova York, foi lá que encontrou suas irmãs espirituais, as imaculadas mulheres nova-iorquinas que corriam, faziam ginástica, tinham unhas impecáveis e tratavam o sexo como uma outra forma de fazer contatos de negócios. Foi uma revelação para Bella e ela sempre fez piada sobre o fato de ter deixado suas inseguranças na alfândega do aeroporto John F. Kennedy e nunca mais ter ido buscá-las. Não era exatamente verdade. As inseguranças ainda estavam lá, mas ela aprendera a escondê-las bem.
Vestiu o agasalho de ginástica porque, de segunda a sexta, corria todas as manhãs por 25 minutos sem NENHUMA EXCEÇÃO. Detestava cada segundo disto, mas era a única maneira de se livrar do excesso de bebida da noite anterior, manter esguio o corpo voluptuoso e garantir algum exercício diário.
Depois de correr, tomava uma ducha, depilava-se e passava hidratante. Depois disso, com o cabelo enrolado em uma grande toalha branca, ficava em pé na frente do espelho do banheiro.
Ela deu uma boa olhada em seu rosto. Vinte e oito anos hoje. Dando um sorriso, olhou os minúsculos pés-de-galinha irradiando-se dos olhos e os primeiros sinais de inchaço nas pálpebras. Estava na cara que a partir de agora tudo seguiria ladeira abaixo.
Espalhou uma generosa quantidade de base do pescoço até a raiz dos cabelos e armou-se com uma esponja de maquiagem para espalhar tudo no rosto. Todas as manhãs agradecia a Deus pela invenção da maquiagem. Depois soltou os cabelos da toalha e secou-os, antes de prendê-los em um coque frouxo, que a fazia parecer mais velha e mais séria para o trabalho.
De volta ao quarto, abriu a gaveta de lingeries e remexeu em tudo. Don estava voltando para casa! Ele ficara tanto tempo longe que a acharia atraente mesmo usando calcinhas grandes e um sutiã esportivo, mai, Com os diabos, ele merecia um agrado. Pegou seu mais novo conjunto de sutiã e fio-dental, rosa e preto, de renda, e abriu o guarda-roupa. Vestiu uma blusa impecável, meias 7/8, uma saia reta na altura do joelho e um paletó justo.
Deu uma olhada no grande espelho no quarto e aprovou o conjunto. É claro que, desde Nova York, nada no guarda-roupa de trabalho de Bella era escolhido por acaso. Teve aulas de maquiagem e penteado, passou por consultores de beleza e estilo. O traje perfeitamente adequado, prestes a receber os acessórios perfeitos, deveria gritar "mulher em direção ao topo".
Bella revirou a gaveta das jóias, procurando os brincos pequenos e elegantes e o minúsculo pingente de platina que Don lhe dera de presente. Lutou para colocá-los, depois agarrou os sapatos de couro de salto alto na sapateira e correu para a cozinha.
Duas laranjas viraram suco no pequeno espremedor elétrico. Colocou o copo de suco e o pote de iogurte na minúscula mesa de mármore da cozinha e foi até a porta da frente do apartamento para pegar os jornais. Sentou-se e estudou cuidadosamente o Financial Times enquanto tomava o café da manhã, depois deu uma folheada no tablóide de Don até encontrara mais recente reportagem dele e leu cada palavra.
[...]

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